I
Nossa primeira play coletiva. Sentimentos contraditórios entre ciúme e fantasias pertubavam minha cabeça ás vésperas. Nada que eu não tenha conseguido segurar, suponho. Apenas meu desejos expus ao meu Amo. O restante de nada adiantaria e não foi dito que eu deveria contar o que sentia sobre o evento.
Chegamos um noite antes, correntes e móveis se arrastavam no andar da sessão onde ninguém além de Dons e do "MindFucker" poderia subir antes do horário.
Dez horas da noite, todos prontos. Sem dizer uma palavra os subs esperavam em pé na cozinha, enquanto um dos Dons achava graça em nos perturbar com teorias matemáticas finitas. Contando mais cinco minutos para o sub que chegou atrasado tomar banho, a tensão aumentava... O high protocol já estava em execução, ninguém poderia falar nada, e se o fizesse seria diretamente ao seu Dono, por permissão concedida.
Minha mão, como nunca aconteceu, suava. Minhas pernas não paravam de tremer, o que eu disfarçava ser apenas uma distração. E por isso, ali mesmo, antes de subir, eu já não aguentava meu salto.
Antes de sermos vendados, eu encarava o Hund, o cãozinho da única Domme presente. E ele ao mesmo que parecia nervoso, parecia também me dizer "somos o exemplo dessa noite". Visto que somos os únicos subs com Donos de todo o grupo. Ele já havia me dito isso e por isso o olhar dele não parava de me repetir a mesma coisa. Resolvi não encará-lo mais. E a mão agora tremia, no tempo das pernas.
Algo verde no tom do chicote que ganhei estava nas mãos do meu Dono, que nem sequer me deu segundos para ver mais, logo escondeu entre os braços. Não sei se de propósito. Havia mais de um nas mãos Dele.
Todos vendados agora. Vendas pretas. A minha era a única branca. Por motivos que depois não foram necessários. Mas eu era diferente ali por estar também com algemas e tornozeleiras presas, era o que tinha na mão do meu Amo.
A passos curtos, chegamos os subs aos poucos, vendados ficaríamos eu e o Hund por mais tempo que todos, em pé um ao lado do outro, enquanto nossos Donos se divertiam dominando, com mais um Dom, os tantos subs que tinham aceito assim, pois alguns logo cansaram de ficar em pé, ou não resistiram a curiosidade de ver o que se passava com os dominados.
Enquanto o Hund farejava, eu ouvia tudo. Ouvia, inclusive a Switcher sendo penetrada, com o que não sei, mãos ou objetos se alternavam, mas o som que o prazer dela anunciava não me sai da cabeça.... Um som molhado, ensopado, gozado aos litros (...).
Dessa mesma situação veio minha primeira sensação de que estava perdendo os modos aos que me propus: ciúme. Eu já estava mais de meia hora, mais de uma hora talvez, em pé, cabeça baixa, vendada e amordaçada, enquanto a Switcher mais do que visualmente satisfeita, acariciava meu Dono. Meu Dono, mas eu não era dona dele, assim pensava para me acalmar enquanto ele anunciava que ela o acariciava. E é claro que só sei porque Ele dizia os atos dela.
Fiquei contente de saber que não precisei de muito para me repor. Estava vendada, amordaçada, e sei bem morrer em silêncio. Mas não fiz isso. Eu me repuz. Acho que eu nem teria tido aquela reação se por um acaso estivesse com meu Amo, participando dos feitos sonoros da Switcher. Estranha minha ideia sobre dividir. De qualquer forma o que me fez realmente melhorar foi sentir meu Amo se aproximar e dizer: "Não fica com ciúme". Depois acabei concluindo que não deveria esperar essa frase Dele para melhorar meus sentimentos.
A Dona do Hund veio pegá-lo, eu continuei em pé, cabeça baixa, concentrada nos sons. Os pernilongos resolveram me pegar e meu Amo os tirou a chicotadas, literalmente. Ele sabe que eu não provoco meus castigos e, na segunda vez que O chamei, Ele chicoteou também, mas me passou um repelente, sem deixar de me acariciar e senti que não, não estava molhada, tal a tensão e concentração. Mas estava sim, muito excitada de esperar o que viria, não importava o que seria. Agora, sem o Hund farejando, nada mais eu tinha para me distrair, não exatamente distração eu procurava. Queria relaxar, me acalmar. Por aquela noite que pedi há muito tempo, agora me bastava esperar algum tempo mais.
Quando já havia perdido minha concetração no ambiente, meus pés exigiram algo mais plano. Pedi ao meu Amo que eu pudesse deixar os saltos e ficar descalça, Ele aceitou elogiando que eu fui a ultima a retirá-los e que eu mesma avisei em outra oportunidade pouco antes que minha mordaça estava saindo. Mesmo saindo, a segurei e continuei sem dizer uma palavra.
Como tudo estava sendo narrado pelos Dons, houve uma hora em que todos riram, mas não era oportuno. Eu ri também, e levei uns tapas por isso. Não gostei, ao contrário do que diriam, me senti envergonhada por fazer o errado. Eu não provoco meus castigos.
Meu Amo finalmente me tirou de onde eu estava, depois de algumas vezes ir me acariciar, perguntar como eu estava. Me tirou de lá, me fez apoiar meus braços em algo para que eu ficasse empinada, e me deu os tapas que eu tanto esperei... Não demorou muito para me repor de pé, sem que eu pudesse me mexer de forma alguma, pois tinha algo que não me lembro atrás de mim. Minutos depois foi-me entregue uma flor, não esperava o que se seguiria.